A Operação Spare, desdobramento da Operação Carbono Oculto, revelou que a organização criminosa comandada por Flávio Silvério Siqueira utilizou 267 postos de combustíveis, 98 lojas franqueadas da O Boticário, 60 motéis e empreendimentos imobiliários para lavar dinheiro obtido de forma ilícita. Alguns dos alvos tinham conexões com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), embora não integrassem formalmente a facção.
Segundo o Ministério Público, o grupo empregava depósitos em espécie e fintechs, como o BK Bank, para ocultar a origem do dinheiro, posteriormente usado na aquisição de bens de alto valor, incluindo um iate de 23 metros, dois helicópteros, um Lamborghini Urus e terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões. Estima-se que os bens identificados representem apenas 10% do patrimônio real do grupo.
As investigações indicam que as franquias de Maurício Soares de Oliveira apresentaram receita crescente, mesmo durante a pandemia, e que o Grupo Boticário não tinha conhecimento nem responsabilidade sobre as ações ilícitas. Já os motéis estavam, em sua maioria, em nome de “laranjas”, mas operados pelo grupo criminoso, movimentando cerca de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.
A Operação Spare cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em cidades da Grande São Paulo e do litoral, bloqueando R$ 7,6 bilhões em bens de 55 investigados. As investigações começaram a partir da apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos, com movimentações financeiras que indicaram lavagem de dinheiro envolvendo postos e fintechs.
O esquema desmantelado mostra a infiltração do grupo criminoso em setores da economia formal, além de combustíveis, evidenciando a amplitude da atuação ilícita e o impacto financeiro das ações do PCC no estado de São Paulo.
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