Canetas emagrecedoras roubadas: operação revela rede milionária no Paraná

Uma operação da Polícia Civil realizada na manhã desta segunda-feira (10) desmantelou uma quadrilha envolvida na revenda de medicamentos roubados, entre eles canetas emagrecedoras de alto valor.

Batizada de Operação Panaceia, a ação cumpriu mandados de prisão, busca e apreensão em municípios do Paraná e de Santa Catarina, incluindo um endereço em Apucarana.

No município, o alvo era um farmacêutico suspeito de integrar o esquema criminoso.

De acordo com a 17ª Subdivisão Policial (SDP), que prestou apoio à operação, o homem havia deixado o imóvel cerca de uma semana antes das buscas e, até o momento, não foi localizado, sendo considerado foragido.

As investigações começaram em junho de 2024, após uma série de 26 assaltos a farmácias em Londrina, concentrados na região da Gleba Palhano. Segundo o delegado Rafael Souza Pinto, da 10ª SDP, os criminosos tinham um alvo específico durante os roubos: as canetas usadas no tratamento da obesidade.

“O autor dos assaltos entrava nas farmácias com uma caixa térmica para transportar as medicações”, explicou o delegado.

Rede paralela de revenda

A apuração revelou que os produtos roubados eram revendidos por farmacêuticos que criaram uma rede paralela de comércio ilegal.

Os medicamentos eram oferecidos diretamente a clientes por valores bem abaixo do mercado. Para disfarçar a origem ilícita, os pagamentos eram feitos via PIX ou em máquinas de cartão registradas em empresas de fachada, como brechós, lojas de roupas e restaurantes — sem qualquer vínculo com o setor da saúde.

Além das canetas roubadas em Londrina, a quadrilha também negociava outros medicamentos furtados ou roubados em estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Durante as buscas, os policiais apreenderam receituários em branco já carimbados, que eram utilizados para enganar os órgãos fiscalizadores.

Prejuízo milionário

Ao todo, 16 pessoas são investigadas pelos crimes de organização criminosa, receptação qualificada e crimes contra a saúde pública. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 9 milhões em contas bancárias ligadas aos suspeitos e suas empresas. Três farmacêuticos tiveram o direito de exercer a profissão suspenso.

O suposto líder do esquema, responsável por coordenar a distribuição dos produtos e o pagamento das comissões, está sendo procurado em Florianópolis (SC).

Durante as ações desta segunda-feira, que contaram com o apoio da Polícia Militar, Vigilância Sanitária e do Conselho Regional de Farmácia, duas pessoas foram presas em flagrante. Nos locais vistoriados, foram encontrados anabolizantes, medicamentos controlados sem nota fiscal e novas canetas emagrecedoras sem procedência.

“Era uma estrutura muito bem organizada, com funções definidas e ordens claras dentro do grupo”, destacou o delegado Rafael Souza Pinto.